terça-feira, 4 de junho de 2019

Pedro - 4 anos

Pedro,

Cinco anos atrás seu pai e eu vivíamos uma vida completamente diferente da que vivemos hoje. Tão diferente que eu mal consigo me lembrar do que fazíamos para preencher o tempo. Desde que você nasceu, nossos dias começam antes mesmo do sol nascer e são repletos de afazeres até o momento em que nos deitamos...

cada minutinho de cada dia.
não há tempo ocioso..
não há tédio...

Com a sua chegada fomos forçados a olhar para a vida de uma maneira nova. Nem sempre esse olhar trouxe alento porque dói sair da zona de conforto. Mudanças causam estresse e a sua chegada virou nossas vidas de cabeça para baixo. Aliás, acho que nunca me senti plenamente adulta antes de me tornar mãe. Com um bebê nos braços eu me sentia como uma criança assustada. Queria colo quando outro ser exigia o meu. Queria conforto quando precisava ser fonte de conforto para outra pessoa.

Talvez por isso tenha demorado tanto a me recompor depois que você nasceu. Aliás, recompor é a palavra errada. No puerpério eu sentia como se tivesse sido partida em caquinhos. Mas ao juntar os cacos, percebi que muita coisa ficou pra trás e coisas novas foram incorporadas no meio do caminho.

Hoje, 4 anos depois da sua chegada me sinto mais madura, mais adulta, mais segura. Aprendi a depender menos da aprovação alheia e a confiar um pouco mais nas minhas intuições. Porque não dava para ficar para sempre esperando a chancela externa para me validar como mãe.

Fico meio tonta de pensar que há 4 anos você era um recém-nascido e hoje já me pede para assistir ao filme do "black panther" e sabe de cor os nomes dos Avengers. Olhando retrospectivamente, eu já não consigo delimitar o momento exato em que eu percebi que você tinha deixado de ser um bebê e havia virado um menino.

O primeiro susto foi quando você foi à maternidade conhecer a sua irmã. Com aquele bebê recém-nascido nos braços eu mal podia acreditar no quanto você havia crescido sem que eu percebesse.

Mas a transformação só ficou mesmo evidente de uns meses pra cá. Hoje você articula bem as ideias, tira suas próprias conclusões, argumenta e até negocia. Uns dias pra trás você deu uma crise de birra em um momento de muito cansaço. Mas depois que se acalmou conseguiu explicar parte da razão que havia lhe chateado. E foi ali, filho, quando com lágrimas nos olhos você me disse a razão da sua mágoa comigo, que eu tive certeza que o bebê havia mesmo crescido.

Você adora histórias, principalmente quando há heróis e vilões envolvidos. Gosta muito de desenho animado, mas também sabe apreciar um bom livro. Sua atividade preferida ao ar livre é nadar. De uns dias pra cá você começou a dizer coisas como: "Mamãe, hoje tem muito sol. Isso significa que podemos nadar, né?"; "Mamãe, o dia está tão lindo. Vamos ao parque?"

Acho que o toque físico ainda é um das suas principais linguagens do amor. Quando bebê você já era bem chameguento. Hoje pede muito colo e distribui generosamente abraços e beijos em explosões de afeto cotidianas. Mariana é sua principal seguidora e cúmplice nas travessuras. Mas, boa parte dos meus esforços do dia ainda é apartando brigas e repetindo incansavelmente que vocês precisam compartilhar os brinquedos e a atenção das pessoas. E por mais exaustivo que isso seja, é muito gratificante testemunhar o quanto a chegada dela vem impactando a sua forma de ser.

Eu poderia gastar linhas e linhas descrevendo os aspectos da sua personalidade e ainda assim me lembraria amanhã de algo que ficou de fora. Por isso enrolo um bocado para escrever essas cartas. Elas são limitadas demais. Mas nossas vidas têm sido tão ricas que eu não poderia deixar de registrar um pedacinho daquilo que temos vivido como família nesse tempo que passa tão rápido que me deixa atônita.

Você é um menino maravilhoso e meus desejos para você neste seu 4º aniversário são incontáveis. Mas o principal é que ao longo da sua vida você conheça a plenitude que só pode ser encontrada em Cristo. Que Deus cumpra os propósitos Dele pra você e em você. Que a luz Dele resplandeça em e por meio de você. Que as dores e adversidades desta vida sejam meios de graça para que você confie cada vez mais Naquele que lhe criou e que conhece cada desejo, anseio, dúvida e angústia do seu coração.

Amo você,

Mamãe 







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