quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Diário de gravidez - 31 semanas e 2 dias

Oi, filho,

Já reparou que tá cada vez mais perto a hora da sua chegada? Quer dizer, você já chegou há um tempinho, mas loguinho a gente vai poder te ver, tocar, cheirar, ninar... Hoje tivemos nossa consulta pré-natal e eu passei o resto do dia pensando no dia do parto, tentando visualizar este momento que, de tão inimaginável, às vezes me deixa bem ansiosa.

À tarde li uns blogs de mães e percebi minha ansiedade aumentar consideravelmente. É que este mundo da maternidade é tão novo pra mim! A gente cresce achando que algumas coisas são naturais e instintivas e depois percebe que grande parte dos nossos comportamentos são adquiridos e condicionados culturalmente. Foi por isso que me senti tão "sem chão" quando fiz intercâmbio na Noruega. E agora, entrando aos pouquinhos neste mundão vasto da maternagem, percebo que existem inúmeras formas de criar um ser humano e que elas já começam na gestação!

Descobri só hoje (santa ignorância) um tal de método montessoriano que estimula a autonomia do bebê. Descobri também que suco de fruta não é tão saudável quanto se pensa e que não é recomendado para crianças pequenas. Mas a descoberta chocante foi que amamentar não é tão "natural" e instintivo quanto parece e que existem várias teorias no que diz respeito a horários das mamadas, quantidade de leite dada, estabelecimento de rotina, livre demanda, etc, etc, etc.

E em meio a tanta informação eu comecei a me sentir perdida, sabe? Como sou perfeccionista em TUDO na vida, não poderia ser diferente no tocante à maternidade. E desde que descobri que tinha um bebezinho crescendo dentro de mim, comecei a alimentar milhares de expectativas sobre a forma como gostaria de te educar. Mas é claro que essas expectativas sempre envolvem um grau enorme de perfeição da minha parte e uma resposta absolutamente positiva e receptiva da sua parte.

Até que me deparei com todas essas vozes que são TÃO dissonantes entre si acerca da "forma correta de se criar os filhos" e percebi que NÃO EXISTE UM MÉTODO PERFEITO e que os bebês humanos vêm SEM MANUAL DE INSTRUÇÕES.

Quando o desespero ficou tão grande, mas tão grande que me deu até taquicardia, fiz uma oração breve, mas muito fervorosa. Foi mais ou menos assim:

"Pai, 

Eu canso de dizer que não sou perfeita e que dependo de ti, mas nesses momentos de angústia e ansiedade percebo o quanto ainda acredito que as coisas dependem de mim. Quanta ingenuidade pensar que o caráter do meu filho será determinado por mim! Ajuda-me a discernir até onde vai o meu papel de mãe e até que ponto não posso mais interferir. Desde o ventre, Senhor, eu consagro esta criança a ti. Sei que Fred e eu vamos errar infinitas vezes na criação do nosso filho. Provavelmente daremos muitas coisas erradas pra ele comer, bagunçaremos sua rotina de sono e deixaremos ele assistir porcaria na televisão (mesmo que sem querer). Duvido muito que ele nunca nos veja brigando (afinal, eu tenho "sangue quente")  e duvido também que não cometeremos nenhum tipo de injustiça com ele. Mas duas coisas te peço somente: que ele nunca duvide do nosso amor por ele e que nós não falhemos em testemunhar do teu amor por ele. Que apesar de todas as nossas falhas que se tornarão perceptíveis pra ele muito mais cedo do que imaginamos, a certeza de que ele é amado por ti e por nós dê ao nosso filho a base sólida que ele precisa para desenvolver uma identidade sadia de quem se sente aceito e acolhido. Ajuda-nos a não nos afastarmos de Ti, Senhor, e a amarmos nosso pequeno do jeito que ele precisa ser amado. Em nome de Jesus, amém". 

Depois de depositar minhas ansiedades aos pés do Pai, senti o sufoco me abandonar e até consegui ter uma noite relax (daquelas que eu tinha muito antes de engravidar, rs). E que fique registrado desde agora, filho, meu enorme desejo de "acertar" como mãe. Mas se por ventura eu errar (e irei), não duvide do quanto eu te amei antes mesmo de te conhecer cara a cara. E que esse amor vai permanecer enquanto eu viver, independente de como as coisas acontecerem. Nunca duvide, filho, do quanto você é amado.




Um comentário:

Unknown disse...

Cada criança é única Eriquita, essa é a beleza da vida. O que funciona para uns não funciona para outros. O essencial você já andou pesquisando bastante por aí. Agora, é só esperar chegar esse menininho amado e conhece-lo. Os erros vão acontecer....não adianta buscar a perfeição. Mas com tanto amor quanto o que vocês tem, pode ter certeza que mesmo nos erros sua família só vai se fortalecer a cada dia. Sossega que vai dar tudo certo