sábado, 28 de março de 2015

Diário de gravidez – * 35 semanas e dois dias

“Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus.


Li em algum lugar que a ansiedade é a doença do século. Na hora pensei: “Ufa, pelo menos não sou a única que vive com o coração apertadinho de pura ansiedade”.  No entanto, refletindo melhor sobre o assunto essa semana cheguei à seguinte indagação: “Por que tenho andado tão ansiosa?”.

Ansiedade tem sido uma companheira fiel desde a infância. Às vésperas de uma viagem em que teria de levantar cedo eu mal conseguia dormir à noite, e não era pela empolgação, o que roubava meu sono era o receio de perder a hora. Quando tinha de apresentar um trabalho escolar pela manhã as noites também eram longas e agitadas.

Comigo foi sempre assim, ansiedade = noites mal dormidas.

Desde que engravidei percebi uma queda considerável na qualidade do meu sono. E não é só porque a barriga pesa e fica difícil encontrar posição para dormir. As noites mal dormidas se fizeram bem presentes já no comecinho da gravidez. E a razão disso pra mim é clara como cristal: pura ansiedade.

Alguém poderia até argumentar que esse sentimento é normal diante da mudança de vida que a chegada de um filho traz. E eu responderia: “Normal é, mas adianta?”.

Ao pregar sobre nossa tola ansiedade, pastor Augustus Nicodemos falou algo que me deu muito o que pensar: “Na maioria das vezes, nos deixamos tomar por ansiedade acerca de questões sobre as quais não temos nenhum controle. Você vai dormir preocupado com algo, mas nem sabe se acordará na manhã seguinte”.

O antídoto contra a ansiedade seria entregar tudo diante do Pai com súplicas e ações de graças, como recomenda Paulo na carta aos filipenses. Simples, né?

Só que não.

Essa entrega pressupõe um momento diário de comunhão, oração e contemplação. Não foi em vão que Jesus instruiu seus ouvintes a contemplarem os pássaros e os lírios dos campos para que não ficassem ansiosos sobre “o que comer ou vestir”.

Esta contemplação da Criação é extremamente didática. Ao olharmos a natureza, lembramo-nos do Criador. E mesmo em meio ao caos ambiental percebemos que as plantas continuam florindo e que os pássaros continuam voando. Quem é que os sustenta diariamente?

Em meio à uma enorme crise de estresse e ansiedade essa semana, decidi colocar o conselho de Jesus em prática e me sentei na varanda para observar o pôr-do-sol. Que fantástico! Se ao olhar pra baixo via as ruas poluídas de uma cidade mal gerida e árida, ao olhar pra cima via a perfeição de um céu que nunca é igual. Fiquei atônita com as múltiplas cores de um sol que nasce e se põe todos os dias, sem que qualquer um de nós possa fazer absolutamente nada à respeito.

Ser cristão implica, entre outras coisas, em acreditar que existe um Criador sustentando o universo. E mais do que isso, Alguém que se importa com as menores demandas de cada uma de suas criaturas. Alguém que deseja se relacionar de perto conosco e nos encher com a “plenitude da sua graça”.  Muitos de nós temos nos contentado com tão pouco. Deixamos de buscar essa plenitude e vivemos com pequenas gotas de Graça que Ele, do alto de sua Misericórdia e Amor, nunca deixa de nos oferecer.

Eu quero mais.


* Texto escrito no dia 12/03/2015

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