Oi, filho,
Amanhã você completa duas semanas. Nessas duas semanas cabe toda uma vida: não apenas a sua, mas também a minha, pois sinto como se eu tivesse renascido no dia em que você nasceu. Talvez por isso a sensação de vulnerabilidade e fragilidade sejam tão fortes no puerpério. Li e ouvi que essa é uma fase extremamente solitária para a mulher.
Isso é fato.
Apesar de toda a rede de apoio ao meu redor, acho que nunca me senti tão só. A experiência do puerpério envolve fatores hormonais, neurológicos, emocionais e também espirituais. Gosto de compará-la à experiência cristã do deserto, aquele momento da vida em que Deus trabalha em nosso caráter por meio da solidão e da dor.
Sei que não estou sozinha, aliás, sua presença constante demandando colo, peito, carinho, cuidado e afeto são um lembrete de que a partir de agora dificilmente estarei só. Mas às vezes vejo-me neste deserto e contemplo você ali tão pequeno, tão frágil e necessitado de atenção e quando olho pra mim tudo o que vejo é outra criança igualmente frágil, morrendo medo de meter os pés pelas mãos.
Seu pai me parece igualmente frágil e vulnerável e anda trabalhando duro dentro e fora de casa pra tornar a sua vida e a minha melhores. Não tenho palavras para agradecê-lo por tanta dedicação e cuidado.
Lamento o fato de você depender de seres tão falhos como nós, filho. Mas lembro do que Deus disse à Paulo e vem me dizendo todos os dias: "A minha graça te basta".
Nessa esperança vamos caminhando. Louvo a Deus pelas suas duas semanas e pela saúde de ferro que Ele te deu. Minha oração de todos os dias é que consigamos comunicar a você o nosso amor de modo que você nunca tenha dúvidas do quanto é amado.
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