terça-feira, 18 de setembro de 2018

Mariana: 9 meses!

Filha,

Há meses tenho lhe escrito uma infinidade de cartas mentais, mas não consegui me sentar durante o tempo necessário para transformar os pensamentos em palavras escritas.  Isso é um indicativo do quão turbulentos têm sido os nossos dias. Fico frustrada por não conseguir escrever com a mesma frequência com a qual escrevia para o seu irmão na sua idade, mas tenho feito, literalmente, o que cabe no dia e isso não impede que as pendências parem de se acumular.

Pela Graça de Deus seu pai pôde ficar em casa nos seus 8 primeiros meses de vida, e apesar da ansiedade que experimentamos com relação às finanças e ao futuro profissional dele, Deus supriu todas as nossas necessidades. Tê-lo em casa nesse  tempo me poupou bastante. Quando ele voltou a trabalhar, tivemos de fazer uma série de ajustes na rotina. Mas a sensação de que não tem "mãe" suficiente para dois é maior do que os meus esforços contínuos para suprir as demandas.

A impressão que tenho é a de que estou em um treinamento intensivo cujo objetivo principal é atingir a maior produtividade, eficiência e eficácia sob pressão intensa e crescente. Tornar-me cada vez mais dinâmica e produtiva poderia até ser uma grande vantagem se isso não tivesse um custo alto para aquilo que considero essencial na vida: os relacionamentos. 

E é exatamente aí que, na minha opinião, reside o grande paradoxo da maternidade: cuidar do outro requer movimento, agilidade, destreza. Quando um bebê chora porque tem fome ou uma criança de três anos e meio dá birras porque passou da hora de dormir não há nada que substitua a eficácia de uma rotina bem estruturada. Mas estruturar essa rotina dentro da rotina da família dá trabalho, requer ajustes e uma boa dose de eficiência, eficácia e produtividade.

Ao mesmo tempo é preciso desacelerar...

Sua brincadeira favorita é escalar minhas pernas para firmar as suas. Se eu saio depressa você cai no chão...

Um passeio pelo quarteirão com o Pedro tende a se transformar em uma excelente oportunidade para explorar cada folhinha, formiga, abelha, tronco de árvores e o que mais aparecer no meio do caminho...

Uma boa sopa de lama no meio da manhã pode se tornar uma brincadeira de algumas horas com você e com o seu irmão...

Os olhos que me acompanham são mais atentos ao ambiente que me cerca, prontos a captarem os detalhes que na minha correria e neura de não desestruturar a rotina eu tendo a deixar passar.

Como ficam os ânimos diante desse impasse? Por aqui, quase sempre muito exaltados. Ao mesmo tempo pedindo Graça a Deus para ser fiel naquilo que me cabe fazer hoje. E, mesmo em meio às pequenas irritações decorrentes do sono, da correria e da fadiga, aprender a cultivar a alegria, a gratidão e o contentamento.

No meio do furacão ouço sempre aquela Voz dizendo:
"Erica, Erica, você está agitada e preocupada com muitas coisas, mas apenas uma é necessária!" * 
...

Sobre o seu desenvolvimento



- Começou a sentar com 7 meses e a engatinhar um dia depois de sentar
- Aos 8 meses pesava 8 kg e media 71 cm. Aos 9 meses não medimos ainda, já que as consultas pediátricas são bimestrais.
- Agora, com 9 meses, está balbuciando as primeiras sílabas (dádádá/ mamãaaaaa/ nenê/ papá/ vovó) e fala o tempo todo, quase sem parar ;) Quando está em apuros, com sono ou com saudades dispara a falar "mamã", "mamã", "mamãaaaa".
- Seus 2 dentinhos de baixo nasceram quando você estava com 7 meses. Agora eles já estão grandões e isso tem sido uma mão na roda, já que você gosta muito de comer.
Come frutas, papinha de legumes e não rejeitou nenhum alimento. Sempre rapa o prato e come em grandes quantidades!
- Dorme entre às 19:30-20h e, para a supresa e alegria da mamãe, há pouco menos de uma semana deixou de mamar no meio da madrugada e assou a acorda por volta de 6h30.  
- Até bem pouco tempo atrás abria o berreiro sempre que entrávamos no carro. Mas desde que compramos uma trava para você não tirar o cinto de segurança você se resignou e começou a dormir. Agora é batata: entra no carro e dorme.
- É ultra curiosa e gosta muito de explorar todos os cantinhos da nossa casa.
- É super sociável e sorri para todas as pessoas que lhe dão atenção.
- Há pouco tempo começou a chorar quando sai do meu colo, mas logo se acostuma e volta a sorrir para quem estiver lhe segurando.
- Fica super tranquila na salinha da igreja sem mim. 
- Sua atividade favorita é se apoiar nos móveis ou nas nossas pernas para ficar de pé. Precisa ver sua satisfação consigo mesma sempre que faz isso.
- Você também gosta muito de brincadeiras de todo o tipo. Dá risadas altíssimas quando apostamos corrida com o Pedro tendo você no colo ou no carrinho. Quanto mais radical a brincadeira, mais você ri!

Você é uma bebê mega chameguenta, carinhosa, charmosa e risonha. Seus olhos são muito sapecas e seu sorriso é alegre demais. E você o distribui o dia todo para qualquer pessoa que lhe dirigir a palavra ou simplesmente dizer seu nome. Que essa alegria e bom-humor lhe acompanhem sempre, filha. E a abertura para os relacionamentos também.

Update (9 meses e meio): Na semana passada você viajou com a mamãe à trabalho. Ficamos quase uma semana inteira fora. Seu pai e eu estávamos muito ansiosos e estressados em relação à viagem. Mas em todo o tempo você manteve o bom-humor e o carisma de sempre, até na longuíssima viagem de van que nos levou de Recife ao sertão da Paraíba. Graças a Deus tia Inácia foi conosco e deu uma preciosa ajuda para a mamãe. Você não ficava muito satisfeita em passar tantas horas sob os cuidados de outra pessoa, e isso foi algo que tivemos de administrar juntas. Mas a semana foi um tempo de aprendizado intenso para toda a nossa família.  Seu irmão, que vinha dando crises de ciúmes e reclamando que não queria mais uma irmã, ficou numa alegria só quando te reencontrou. Ele tem demonstrado muito carinho e cuidado com você na semana seguinte à nossa chegada. Isso tem sido um bálsamo para as minhas feridas de mãe de dois. 

* Ler o relato de Lucas 10:41

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